06 novembro, 2009

anjo com boca de palhaço


ao sabor de algodão doce e ao som de trompetas feéricas
contemplei um bando de brancos cisnes caindo do céu em uníssono
numa chuva de penas sorrindo sobre a cabeça das crianças da noite
adormecido o vento repousava dormente na garganta
dos lobos que aguardavam em silêncio sobre a líquida superfície
da terra pela chegada dos cadáveres das aves solidi
ficando à espera como sangue seco na pelagem negra
e nos dentes brancos brancos como os cisnes
os lobos aguardam os olhos amarelados para o céu revirados
as mandíbulas abertas e pingando baba os ácidos estomacais a trabalhar
aguardam os lobos pelo voo dos cisnes
as almas dos lobos empaladas nos corpos dos ciprestes
e o som metálico do movimento de um carrossel pelas sombras iluminado
começou a ganir a chorar a ranger a uivar
enquanto ali me prostrei eu os joelhos já em sangue na lama
onde archotes eléctricos desbravam a escuridão com mil cores
e descobrem a cabeça de um anjo maquilhado com boca de palhaço
andando à volta em revolta e em reviravolta num carrossel de horrores