26 junho, 2010

S/título


Há quem queira esculpir rios no lugar
de onde a boca se abre para o mar, como
se em substituição da voz houvesse uma foz
feita de líquidos seminais e vaginais e de outros
líquidos feitos de maviosidades e de outros ais...
E aos que choram lágrimas de sangue
ofereço a vã hecatombe do meu corpo
e as concavidades da minha alma panda,
para que as encham dos seus olhares
vertidos nas sílabas, vestidos de acentos,
despidos pelos gemidos das palavras...

Cá eu só quero abrir a boca e tragar-te o oceano,
trazer-te o céu ao toque do teu corpo mundano...

02 junho, 2010

Baphomet e as Virgens Gárgulas


Eu, Baphomet, às amaldiçoadas

Virgens de três mamilos ou de um seio,

Venho-me informar-vos, por este meio:

Por homem nenhum podeis ser tocadas!


Estátuas sereis p’la eternidade

E vossas coxas conservar-se-ão juntas,

As vulvas fechadas às marabuntas

Do sibarismo e da sensualidade.


Mas os arautos da podridão, larvas

De corpo invertebrado como um falo,

Jogam-se a elas, às cegas, às parvas.


Os vermes agarram-se às fêmeas gárgulas

E lá sucumbem, de tanto gritá-lo:

“Magistrado Baphomet, tens que dar-no-las!”