06 janeiro, 2011

A Vingança de Apolo


Pestilento mal se abateu,
Mortífero, sobre a grega horda.
Apolíneas flechas desciam dos céus,
Ressoando a vibrante corda
Do arco de Febo Apolo, brilhante deus...

Apolo, deus do dia, do sol, da luz,
Cego pela ofensa da humilhação,
Ao exército aqueu conduz
O seu rebanho de flechas pela mão
E o céu, prateado, reluz...

04 janeiro, 2011

A Morte de Heitor


E enquanto Heitor saboreava
O sabor sangrento da Morte que o cercava,
Desenvergonhada, Helena abocanhava
O duro sexo de Páris seu amante...
Impetuosa, toda a helénica boca era preenchida
Pelo viril membro que, a golfadas,
Lhe saciava a jovem fome com o néctar da vida...
Até que, em apolínea hora, toda a Tróia invicta
Viu o corpo de Heitor, murchando exausto, tombar
Aos pés de Aquiles, na terra fonte de vida.
E enquanto o sémen de um Príncipe corria abaixo,
Por breves momentos, pela garganta de Helena,
Era a terra penetrada pelo sangue de outro,
Para todo o sempre...

Tétis e Zeus


Tétis, cavalgando na bruma,
Ao décimo-segundo dia nadou para os céus.
Ao chegar, prostrou o seu corpo de espuma
Aos pés de seu Pai, o fulminante Zeus.

De joelhos prostrados no chão
A quanto obrigas, amor maternal!
Suplicante, em lânguida sedução
Tentou obter o favor paternal:

"Meu filho Aquiles,
Mero homem aos olhos dos deuses
Mas deus aos olhos da humanidade,
Recusa combater pelos Aqueus
Pois, pela boca do seu rei, esses filhos teus,
Afrontaram a sua divindade.

Aquiles não luta por Gregos ou Troianos,
Não se ofendeu com Páris ou Helena do cabelo louro,
Luta apenas pela glória de mil anos,
Para que o seu nome se grave no milénio vindouro.

Concede, pois, meu Pai, meu Amo, meu Amante,
A glória deste dia aos Domadores de Cavalos,
Para que o Rei Atrida, o grego arrogante,
Se lembre dos Mirmidões
E possa de novo apelidá-los
De bravos leões
E de entre todos os gregos os mais valentes!"

Mas Zeus, de olhos benevolentes,
Apenas para o horizonte olhava,
Vendo-o amadurecer... Nada ouvia
Do que Tétis lhe falava...

E eis que então,
Calando o silêncio que a voz de Zeus não quebrava,
Surgiu a mão de Tétis, insinuante,
No joelho nu de seu Pai,
Enquanto a outra mão encaracolava
Com seus dedos marinhos
A nívea barba do deus ainda mais...

E o Senhor do Raio,
Respirando a maresia
Que dos salgados peitos de Tétis saía,
Assim condescendeu...

Feliz pela manhã,
A deusa lançou-se
Do mais alto cume do Olímpico Monte
E ao pôr-do-sol mergulhou
No Mar Egeu.
E Aquiles logo o soube, pois em sua fronte
O mar arautas gotas pingou
E uma lágrima de sangue rolou
Pelo sorriso beligerante do Filho de Peleu...