tag:blogger.com,1999:blog-61298729050442974982024-03-05T10:55:03.814+00:00AmendualValter Egohttp://www.blogger.com/profile/08255191774110875408noreply@blogger.comBlogger323125tag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-40457161723577157392014-11-08T18:18:00.001+00:002014-11-08T18:18:35.650+00:00Paisagem (muda, a p/b): a Berlim de Maria Madalenaa garganta vermelhoscura agita<br />
parado o vento e o olor a sangue<br />
gangrena a alvura de carne verde ainda<br />
que se reclama madura as coxas pisadas<br />
pelos cascos da morte repousam<br />
graciosas decadentes alevantadas<br />
os joelhos esfolados as canelas rasgadas<br />
um par de pernas que saem descruzadas<br />
da boca rubicunda e murcha onde jamais dorme<br />
um olho sem pálpebra uma pétala sem flor<br />
uma palavra sem nomeAlexandre Homem Dualhttp://www.blogger.com/profile/08272050137754366869noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-25322168952856463182014-08-20T16:37:00.002+01:002014-08-20T16:37:16.275+01:00a morte um diaembalar-nos-á a morte um dia<br />quando o grande relógio cessar de rodar os ponteiros<br />
dizendo-nos a sua inércia que é a hora<br />
de partir chegada<br />
<br />
confortar-nos-á a morte um dia<br />
quando oferecer o toque de um mamilo frio aos nossos lábios<br />
que abocanharão seios murchos e vazios<br />
de onde derramada toda a vida<br />
<br />
beijar-nos-á a morte um dia<br />
quando lhe sorrirmos em boas-vindas e abrindo o peito<br />
como quem abre portas há muito fechadas<br />
a convidarmos a entrar<br />
<br />
abraçar-nos-á a morte um dia<br />
entretanto beijemo-nos nós<br />
confortemo-nos e embalemo-nos nós<br />
enquanto abraçamos a vida<br />
meu amorAlexandre Homem Dualhttp://www.blogger.com/profile/08272050137754366869noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-39113318343599362362014-08-12T16:13:00.002+01:002014-08-12T16:13:56.953+01:00S/títuloapaguem-se todas as lanternas:<br />
no meio de palacetes de pedra crua<br />
e de jardins de carne nua<br />
entre os homens<br />
uma flor perde o perfume<br />
pétala a pétala<br />
para a solidãoAlexandre Homem Dualhttp://www.blogger.com/profile/08272050137754366869noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-21847099876495404702014-08-08T19:49:00.004+01:002014-08-08T19:53:44.579+01:00Paisagem: vento de verãoUma voz áspera sussurra aos ouvidos do poeta, quebrando assim o silêncio absoluto do final da tarde, estilhaçando-o em pequenos pedaços como um vaso de vidro colorido que lhe escapasse das mãos tenras. A voz continua a falar, à medida que os braços da noite apertam o seu cerco, ainda que já não seja ouvida. Na verdade, nunca o foi - não seria um trovão e sim um relâmpago a acordar o poeta do estado letárgico, catatónico, em que se encontrava mergulhado. Um relâmpago de imagens, uma luz de versos, uma voz incandescente de ritmos - uma pulsão frenética e inebriante que encharca a boca e as tripas de uma poção xamânica, como os ventos do deserto, que leva o sujeito, adâmico, a escrever o que não sente, a dançar com as labaredas de uma fogueira que não arde senão no papel, a copular com a serpente depois que uma miríade de miríades de evas largaram as suas peles e devoraram não só a maçã mas toda a macieira. Na areia da praia, molhada das ondas de água salgada e fria e dos jorros de sémen acre e quente, ficarão gravadas, enquanto a maré não subir outra vez, as letras dos versos escritos e os ziguezagues licenciosos da cobra e do homem. Porque antes de serem poetas - nascidos para buscar a imortalidade -, os poetas nascem homens e mulheres - para que, de mãos dadas, o amor e a morte nos encontrem.Alexandre Homem Dualhttp://www.blogger.com/profile/08272050137754366869noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-35299736812831816572014-07-20T19:06:00.001+01:002014-07-20T19:08:38.508+01:00s/títuloarde em mim uma distância<br />
que me afasta da companhia dos homens<br />
uma chama azuligelada<br />
um incêndio sereno numa tundra pacífica<br />
brilhante como uma estrela<br />
isolada<br />
no meio de céus de pedra<br />
nocturnos e brancos<br />
edénicosAlexandre Homem Dualhttp://www.blogger.com/profile/08272050137754366869noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-48442119765057260312014-07-05T01:13:00.001+01:002014-07-05T01:13:43.649+01:00Natureza Morta: uma taça de dióspirosE assim amadurecem os dióspiros<br />
abrasados pelos raios de luz solar<br />
que atravessam o hímen plástico da estufa.<br />
E assim hei-de colhê-los <br />
quando estiverem prontos,<br />
com a unha rasgando-lhes a pele macia,<br />
com os dedos rompendo-lhes a carne<br />
mole e suculenta.<br />
E assim os farei sangrar.Alexandre Homem Dualhttp://www.blogger.com/profile/08272050137754366869noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-80354085133989142732014-05-09T21:08:00.000+01:002014-05-09T21:08:58.942+01:00Concílio de deusesLá, na câmara dos deuses defuntos,<br />ecoam discursos de letras mortas<br />e os estertores de homens moribundos<br />ressoam como que batendo às portas.<br />
<br />
Acaso o concílio suspenso fosse,<br />e as portas se abrissem de par em par,<br />não se veriam serpes de voz doce<br />aos pés dos deuses a rastejar.<br />
<br />
Seriam, na solidão das galerias,<br />as estátuas de pedra a dizer<br />que os mortos se haveriam de erguer.<br />
<br />
Os mortos que habitam as catacumbas,<br />que embalam, em vez de berços, as tumbas;<br />berçários de velhas ideologias.Alexandre Homem Dualhttp://www.blogger.com/profile/08272050137754366869noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-83575113380375987922014-04-15T21:38:00.001+01:002014-04-15T21:38:51.774+01:00No Campo da Morte LentaNo campo da morte lenta<br />
zumbem as moscas, mortiças.<br />
Falta quem as alimente<br />
de carnes magras, submissas.<br />
<br />
No campo da morte lenta,<br />
'inda o grito não chegara,<br />
já o sangue espesso e quente<br />
há muito que desertara.<br />
<br />
No campo da morte lenta<br />
plantou-se o grão Tarrafal<br />
mas florescem para sempre<br />
os cravos de Portugal.Alexandre Homem Dualhttp://www.blogger.com/profile/08272050137754366869noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-25154313511864693202014-04-13T21:51:00.000+01:002014-04-13T21:55:13.748+01:00A quebra do silêncioDois meses de silêncio. Dois meses que nem foram longos nem foram breves, foram da medida exacta do que tinha a dizer. Nada. E quando nada há a dizer, o que haverá a ser escrito? Tudo. Não posso escrever o silêncio mas posso escrever tudo aquilo que tenho e também o que não tenho a dizer. Quando não puder ser eu, posso sempre inventar-me e inventar as palavras que não me apetecera dizer. E é assim, na quietude morna e branca da folha e no ritmo metálico e frio da máquina de escrever, que quebro o silêncio.Alexandre Homem Dualhttp://www.blogger.com/profile/08272050137754366869noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-83220254236664126152014-04-13T21:47:00.002+01:002014-04-13T21:47:31.334+01:00poema a sul e branco<span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;">aqui a sul</span><br style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;" /><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;">saímos da casca dos dias invernengos</span><br style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;" /><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;">caracóis cautelosos</span><br style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;" /><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;">de corpos moles e lentos</span><br style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;" /><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;">depois das chuvas já terem secado</span><br style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;" /><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;">na calidez telúrica do tempo</span><br style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;" /><br style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;" /><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;">aqui a sul</span><br style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;" /><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;">a cor do céu espelhada no mar</span><br style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;" /><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;">confunde-se com</span><br style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;" /><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;">a cor do mar espalhada pelo céu</span><br style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;" /><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;">e a salmoura entranha-se nas palavras</span><br style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;" /><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;">e as bocas são banhadas por uma luz</span><br style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;" /><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;">olímpica de sol de verão</span><br style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;" /><br style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;" /><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;">as paredes das casas</span><br style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;" /><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;">desmaiam-se de amores por dentro</span><br style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;" /><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;">de suores salgados queimando corpos morenos</span><br style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;" /><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;">gotas de desejo percorrendo nus flancos</span><br style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;" /><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.479999542236328px;">desenhando um poema a sul e branco</span>Alexandre Homem Dualhttp://www.blogger.com/profile/08272050137754366869noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-1834829971205031492014-01-09T00:30:00.001+00:002014-01-09T00:36:24.158+00:00Uma Breve Carta de Amor<div class="MsoNormal">
Escrevo-te para te dizer que gosto de te ouvir. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Apeteces-me de cada vez que me falas com essa tua voz lenta
e arranhada, metódica e precisa em todas as sílabas, impregnada de um certo perfume
preguiçoso das manhãs serôdias em que não nos atrevemos a sair do morno
aconchego das mantas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A tua voz cheira-me à
doçura ácida das maçãs ainda por apanhar. Por detrás de cada palavra que dizes provo
o sossego suculento das pequenas dentadas num solarengo dia de primavera depois
de uma noite em que houvesse chovido a cântaros. Tu sabes como é, meu amor, o
cheiro molhado que se desentranha da terra sob o peso leve e morto das folhas
caídas aos nossos pés quando nós fechamos os olhos para melhor o saborearmos.<o:p></o:p></div>
Posso sentir o teu hálito em cada vogal que arrastas pelas
frases com que passeias pelo meu corpo, o hálito quente e fresco da boca com
que me dizes que me queres. Gosto da te ouvir, paixão, mas é no silêncio do teu
sorriso que melhor te amo.<br />
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
Alexandre Homem Dualhttp://www.blogger.com/profile/08272050137754366869noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-4881179769113231862013-11-09T23:49:00.000+00:002013-11-09T23:49:34.553+00:00S/títulouma língua de fogo<br />
descendo-me pela garganta<br />
deixando à sua passagem<br />
um rasto de luz, de calidez<br />
liquescente,<br />
até se aninhar<br />
no meu estômago oco<br />
e aqui adormecer<br />
deixando-me à mercê<br />
de escorpiões que vivem dentro<br />
de garrafas vazias<br />
de sonhos derramadosAlexandre Homem Dualhttp://www.blogger.com/profile/08272050137754366869noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-61333879471498260502013-07-28T18:13:00.000+01:002013-07-28T18:13:00.571+01:00A casa<span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 200%;">A casa </span><br />
<span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 200%;">nascera a meio de uma montanha verde</span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%;">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 200%;">
por entre a vegetação múrmura<br />
do inverno<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%;">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%;">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 200%;">Ao seu lado,<br />
um riacho silencioso corria<br />
descendo do cume,<br />
serpenteando <br />
pelo corpo inclinado <br />
da terra<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%;">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%;">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 200%;">O musgo trepara pelas paredes<br />
como se a boca da montanha houvesse <br />
engolido a arquitectura humana - <br />
e os vidros das janelas eram líquidos:<br />
escorrendo lentamente <br />
com as chuvas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%;">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%;">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 200%;">No riacho nunca se soubera<br />
da existência de peixes -<br />
no líquido amniótico<br />
apenas crianças por nascer:<br />
a vida em suspensão<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%;">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%;">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 200%;">E pássaros? Nunca por lá ouvi o chilrear dos pássaros<o:p></o:p></span></div>
Alexandre Homem Dualhttp://www.blogger.com/profile/08272050137754366869noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-6521965254042758822013-07-18T19:43:00.002+01:002013-07-18T19:43:34.052+01:00S/título
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 200%;">Todos temos ossos
plantados<br />
num jardim, nas memórias<br />
como terra esgravatada pelos dedos<br />
cheios de calos<br />
<br />
Sob as unhas sujas<br />
todos guardamos palavras<br />
de amor e de afecto<br />
que cresceram dentro das raízes<br />
dos nossos corpos<br />
<br />
Busco o silêncio liso<br />
da superfície do outro lado<br />
do espelho,<br />
a tranquilidade que os braços<br />
da terra oferecem <br />
aos mortos</span>Alexandre Homem Dualhttp://www.blogger.com/profile/08272050137754366869noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-9108500564104717112013-06-16T01:38:00.001+01:002013-06-16T11:26:19.294+01:00Dizes-me que não te dou flores, meu amorDizes-me que não te dou flores, meu amor,<br />
quando eu te dou versos, que são as flores do coração -<br />
e se àquelas desbotará o tempo<br />
pétalas, perfumes e cores;<br />
já estes jamais murcharão.<br />
<br />
Mas não é com versos nem com flores, meu amor,<br />
que haveremos de plantar os nossos amanhãs -<br />
será com os risos que brotam dos teus sorrisos<br />
e com meus dedos nos teus entrelaçados<br />
e anelados de nossas cãs.Alexandre Homem Dualhttp://www.blogger.com/profile/08272050137754366869noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-12619489962364694832013-05-24T23:02:00.000+01:002013-05-24T23:03:11.163+01:00Paisagem: uma noite de verãoÀ beira-mar, corpos nus e dormentes,<br />
aquecidos à luz de uma fogueira,<br />
embriagam-se com os cheiros quentes<br />
que se evolam, dançantes, da madeira.<br />
<br />
Ergue-se e, ao ritmo das ondas do mar,<br />
ela morde os lábios que ele deseja -<br />
sabendo que ele os come com o olhar,<br />
sensuais, carnudos, cor de cereja.<br />
<br />
Move-se em círculo ao redor do amante,<br />
dá-lhe à boca o vinho deleitante<br />
e inebria-o no aroma da pele.<br />
<br />
Senta-se em cima dele e dança um tango:<br />
nos beijos traz o sabor de um morango<br />
e entre as coxas o saibo do mel...Alexandre Homem Dualhttp://www.blogger.com/profile/08272050137754366869noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-69221558425482375452013-05-20T21:11:00.000+01:002013-05-20T21:13:20.333+01:00Paisagem: o preço do teu silêncioAo longo da vereda a pele habita a poeira e os olhos<br />
procuram no palco os actores onde na verdade só há<br />
máscaras e pedras.<br />
<br />
A cortina negra encerra-se sobre a hora crepuscular<br />
quando todos os pássaros já se recolheram aos ninhos,<br />
quando todas as cadeiras estão vazias mas persiste<br />
a voz de alguém, talvez apenas um eco que teima em não morrer <br />
na vastidão do deserto, e o espectáculo ainda assim deverá começar.<br />
<br />
No final, os cumes das rochas cortarão a carne sob a forma de palavras<br />
e o dia curvar-se-á, em vénia, fundindo-se com as sombras do cenário.<br />
<br />
Interrogas-te quanto custa um bilhete para a sessão de amanhã,<br />
quando derem fruto as árvores dos que nelas foram crucificados?<br />
Nada mais nada menos, jovem leitor, que o preço do teu silêncio.Alexandre Homem Dualhttp://www.blogger.com/profile/08272050137754366869noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-46335918459049187112013-03-29T00:00:00.000+00:002013-03-30T21:25:48.657+00:00Apresentação de Pelagus<br />
há uma árvore que é uma floresta<br />
no planeta a que dei o meu nome<br />
uma árvore com raízes de espuma<br />
e de sal<br />
com folhas que são cascos naufragados<br />
e outras que são cascas de búzios ocas<br />
onde se pode ouvir o som do vento<br />
por entre a folhagem do mar<br />
e se a subires até à copa<br />
podes ver ao longe<br />
perto do horizonte<br />
na leiva<br />
o corpo nu dos búzios<br />
a sonhar<br />
<br />
Domingo, dia 31 de Março, pelas 16h, será apresentado "Pelagus" (PoesiaFãClube, Corpos Ed.), segundo livro de poesia de Alexandre Homem Dual, no Jardim da Alameda João de Deus, em Faro. Serão recitados alguns poemas da obra e haverá lugar para uma conversa com o autor. Apareçam!Valter Egohttp://www.blogger.com/profile/08255191774110875408noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-75385362163696957092013-02-28T00:00:00.003+00:002013-02-28T00:00:42.228+00:00Paisagem: uma noite de neve no AlgarveTambém tu querias ver neve<br />
mas aqui não a há.<br />
Vá lá<br />
que sempre temos as amendoeiras<br />
em flor!<br />
Já as houve mais? Pois já...<br />
Imaginemo-las então,<br />
meu amor...<br />
<br />
<form action="http://www.facebook.com/ajax/ufi/modify.php" class="live_153164981509235_316526391751760 commentable_item collapsed_comments autoexpand_mode" data-live="{"seq":0}" id="u_jsonp_8_3v" method="post" rel="async" style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px; margin: 0px; padding: 0px;">
</form>
Alexandre Homem Dualhttp://www.blogger.com/profile/08272050137754366869noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-47989377146094136422013-02-21T22:58:00.003+00:002014-08-28T18:51:13.767+01:00PELAGUS <div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Pelagus<i> – latim para pélago. Substantivo singular, masculino. <br />
Mar alto; grande profundidade; abismo, voragem.</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
E pronto, já se encontra à venda "Pelagus" (uma edição da Poesia Fã Clube, uma chancela da Corpos Editora), o meu segundo título de poesia assinado sob o alterónimo Alexandre Homem Dual, tanto em livro como em versão <i>e-book</i>, à semelhança do ocorrido no ano transacto com "Amanhã Chovi". Os preços são semelhantes, 15€ para quem quiser ler em papel, à maneira clássica (a única com cheiro e tacto, até agora...) e 5,99€ para quem se tiver rendido às novas formas de leitura que as tecnologias permitem e para as quais somos comodamente convidados. Os <i>links</i> para encomendar a obra directamente da editora são os seguintes: no caso do livro é só ir a <a href="http://poesiafaclube.com/store/alexandre-homem-dual-pelagus">http://poesiafaclube.com/store/alexandre-homem-dual-pelagus</a> e no caso do <i>e-book</i> é só carregar em: <a href="http://poesiafaclube.com/store/pelagus-de-alexandre-homem-dual">http://poesiafaclube.com/store/pelagus-de-alexandre-homem-dual</a> .</div>
<div style="text-align: justify;">
Também será possível, segundo informação que me foi facultada pela editora, encomendar o livro em qualquer loja da Bertrand, Porto Editora ou Almedina, bastando para tal pedir o mesmo aos funcionários das referidas livrarias. </div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBz1Iw8jtTws65j_ISSW9c5bsKZOsJdDrS3MVLy2QS0YxxtKU-6wey0DO9b_gMzL7b_CYVc_RXKnw2qd7Zy7HROcuGQdGGzuaZ8fd4a9L8bQwjhyphenhyphenQOpjaf0pZmpp3_N_Kbn4OI47i8Iz6O/s1600/Pelagus.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBz1Iw8jtTws65j_ISSW9c5bsKZOsJdDrS3MVLy2QS0YxxtKU-6wey0DO9b_gMzL7b_CYVc_RXKnw2qd7Zy7HROcuGQdGGzuaZ8fd4a9L8bQwjhyphenhyphenQOpjaf0pZmpp3_N_Kbn4OI47i8Iz6O/s1600/Pelagus.png" height="320" width="219" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="text-align: start;">Em última instância, fale com o autor, que é como diz eu mesmo. Podemos sempre ir beber um cafezinho e falar sobre qualquer coisa menos do livro, porque "</span><span style="line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><i>hoje, já desisti finalmente de tentar
compreender o universo </i>[pois]<i> </i></span></span><span style="line-height: 150%;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><i>é-me suficiente a busca de tentar compreender-me a mim mesmo</i>" (<i>in</i> prefácio)<i>.</i></span></span><span style="text-align: start;">...</span></div>
<br />Valter Egohttp://www.blogger.com/profile/08255191774110875408noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-83935806049105547662013-02-16T15:42:00.000+00:002013-02-17T15:28:53.042+00:00No prelo: PELAGUS<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Depois de, no ano passado, ter publicado "Amanhã Chovi", chega a hora de partilhar "Pelagus" sob a forma de livro e também de e-book. Em breve, com o selo Poesia Fã Clube, uma chancela da Corpos Editora. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-83WWWxdEPrc/UR-k0YAfjaI/AAAAAAAAAYk/ENz9l1oiq1k/s1600/capa+pelagus.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="225" src="http://3.bp.blogspot.com/-83WWWxdEPrc/UR-k0YAfjaI/AAAAAAAAAYk/ENz9l1oiq1k/s320/capa+pelagus.png" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"Pelagus", Poesia Fã Clube, 2013 </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
"Pelagus" divide-se em cinco partes: <i>A mari usque ad mare</i> (de um mar para outro mar), <i>Ad astra</i> (rumo às estrelas), <i>Fluctuat nec mergitur</i> (flutua sem afundar), <i>Memento mori</i> (lembra-te que morrerás) e <i>Post tenebra lux</i> (há luz depois das trevas). As cinco partes podem ser entendidas como uma narrativa linear com um início e um fim mas podem ser também lidas como um todo circular que termina precisamente onde começa: no centro do universo que se expande a partir de cada um de nós.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-slmgETEAIyE/UR-ljEGetRI/AAAAAAAAAYs/8NNlrqPSUww/s1600/capa+amanha+chovi.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="226" src="http://1.bp.blogspot.com/-slmgETEAIyE/UR-ljEGetRI/AAAAAAAAAYs/8NNlrqPSUww/s320/capa+amanha+chovi.png" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"Amanhã Chovi", World Art Friends, 2012</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Se "Amanhã Chovi" é "um livro de circunstância (que) parece não falar do agora" e que "abusa dos versos que sabem ao que já não está aqui" porque "as palavras não têm tempo, elas permanecem" e "a sua permanência diz o tempo presente", como escreveu Mirian Nogueira Tavares no prefácio, já "Pelagus" é mais um livro que se poderá chamar de "navio-poema" - um veículo de transporte para fora do sujeito poético, confundindo o que já passou e o que se passará, "uma folha feita de espaço e de tempo onde os</div>
<div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
substantivos do passado se confundem com os verbos do futuro" (in prefácio assinado pelo autor). "Pelagus" fala de uma viagem para fora de um tempo e de um espaço, num círculo vicioso que nunca sai, realmente, de dentro de mim.</div>
</div>
</div>
Valter Egohttp://www.blogger.com/profile/08255191774110875408noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-22889445029334800612013-01-31T00:49:00.002+00:002013-01-31T00:49:47.318+00:00S/títuloComo tentáculos vivos,<br />
coroa-me um cacho<br />
de cabeças de serpentes<br />
esmagando uvas negras<br />
e maduras<br />
entre os dentes;<br />
cabelos que mudam a pele<br />
como répteis frios<br />
e esquivos.<br />
<br />
Sangue doce<br />
escorrendo pelo corpo do verão<br />
queimando os olhos<br />
do coração<br />
de reis altos e altivos.<br />
<br />
As nossas peles brancas<br />
e transparentes<br />
colam-se uma à outra<br />
como serpentes<br />
enroladas na sintaxe do silêncio.Alexandre Homem Dualhttp://www.blogger.com/profile/08272050137754366869noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-11398254712211046322013-01-27T16:25:00.002+00:002013-01-27T16:25:42.016+00:00O Fado das Viúvas<br />
<div class="MsoNormal">
Defronte da Rua do Arco,<br />
para quem estiver a pé,<br />
vi eu deslizar um barco<br />
p’ra Ria vindo da Sé!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não seria grande o espanto<br />
se o barco fosse real<br />
mas era feito de pranto<br />
e de lágrimas de sal!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Levavam-no as mulheres<br />
aos ombros enviuvados,<br />
sem capitã nem alferes,<br />
mandantes ou subordinados.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Na água a embarcação<br />
foi empurrada pelo choro<br />
tendo por tripulação<br />
os gritos delas em coro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Deram o adeus aos maridos<br />
e p’ra casa, sem queixume,<br />
foram lembrar tempos idos,<br />
e pôr o jantar ao lume.<o:p></o:p></div>
Alexandre Homem Dualhttp://www.blogger.com/profile/08272050137754366869noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-7631301474409669562013-01-15T14:01:00.001+00:002013-01-15T14:01:11.866+00:00S/títuloNa penumbra dançantes<br />
se revelam os corpos suados<br />
ébrios de incenso<br />
e de pulsões animais.<br />
<br />
Após que o sol se ponha,<br />
desceremos a avenida do amor<br />
e ao mar atiraremos nossos<br />
gemidos<br />
para que se confundam com o suspiro<br />
ritmado<br />
da ondulação<br />
<br />
e a fosforescência invisível dos fluidos.Alexandre Homem Dualhttp://www.blogger.com/profile/08272050137754366869noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6129872905044297498.post-47464594257651917082013-01-14T20:27:00.002+00:002013-01-14T20:27:39.542+00:00Mulher-Gato<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">Um gato selvagem</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">numa noite de luar</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;">dança no teu corpo...</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzT-bHDLIZtD6dgNOTLqsHxT_vDzeMuImfW5X7c2sP_5y0JbDeefY3pzS785fv0MIYNwEV6Rs-tP1Z0VsoEYrfNfq0jO-8DcJ43P0RhOabWwUoUSPZHGcD1ycFxOw8Y9QFJRdjT8u8-J8/s1600/Cat-Ursula.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzT-bHDLIZtD6dgNOTLqsHxT_vDzeMuImfW5X7c2sP_5y0JbDeefY3pzS785fv0MIYNwEV6Rs-tP1Z0VsoEYrfNfq0jO-8DcJ43P0RhOabWwUoUSPZHGcD1ycFxOw8Y9QFJRdjT8u8-J8/s1600/Cat-Ursula.jpg" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
a <a href="http://ursulamestre.tumblr.com/">Ursula Mestre</a></div>
<br />
<div>
<br /></div>
Alexandre Homem Dualhttp://www.blogger.com/profile/08272050137754366869noreply@blogger.com