23 junho, 2009

Rei Édipo


A Rei Édipo de órbitas vazias
Assalta todas as noites um sonho:
Olha-se a si com um olhar medonho,
Em vez de olhos, duas fotografias.

Arrancados, no chão, têm gravados,
Na retina, dois momentos brutais…
Num, o filho matando o seu pai,
Noutro, o filho com a mãe deitado.

Assim, patricida e incestuoso,
A si próprio Édipo se cegou…
Qual dos vis actos o mais vergonhoso:

Derramar o sangue que o criou
Ou seduzir a mãe que, anjo, casta,
Foi puta na hora de dizer basta?...