13 janeiro, 2012

Soltaram os Loucos


Soltaram os loucos! E agora andam os loucos
Pelas ruas gritando, pulando, fornicando,
Agindo os loucos como loucos que são!
Escrevem versos no ar, pintam murais no asfalto,
E põem-se muito sérios a admirar
Os carros que passam e as vidas que passam lá do alto
Dos prédios para onde amarinharam,
Como aranhas, como crianças, como loucos que são.
Dão de comer aos cães vadios e acolhem os gatos no seu regaço
E quando encontram um desconhecido
Não se furtam a dar-lhes um abraço!
E ficam muitas horas a olhar para o céu como quem olha para mais longe –
Dizem que estão à espera que cheguem as naves
Que os hão-de transportar para o espaço,
Para um planeta sem paredes, sem portas, sem chaves…
E assim ficam parados no meio da rua os loucos, como loucos que são,
Desordenando a ordem desordenada de um mundo ordeiro e são,
No meio dos outros que deles zombam como os verdadeiros loucos que são.