07 abril, 2012
Promessa de bons dias
Ela levantou-se da cama e abriu a janela,
para que a madrugada lhe beijasse a carne
branca e macia do interior das pernas - o ponto
quente onde as coxas se juntam. Os pássaros,
vestidos pelas folhas das amendoeiras,
cantavam a primeira luz da manhã - o horizonte
carmesim & cor-de-rosa como as pétalas
das rosas abertas. Na cama, eu esperava
que ela regressasse ao lençol tépido
da ausência do corpo dela; esperava eu
pelo corpo agora frio dela. Quando ela veio,
trouxe consigo a promessa de um raio de sol
e eu, cheirando-lhe o ponto quente de onde
as coxas se separam segredei-lhe vagarosamente
os bons dias numa língua secreta só de nós conhecida.
Engavetado em
Alexandre Homem Dual,
Poesia
"O que faço?/
Sou músico./
O que toco?/
Poesia."