28 fevereiro, 2009

S/título


Aurifulgente, a meretriz papisa
Entrega-se à cúprica multidão
Que a engole sob o manto de mãos
Famélicas do que ela simboliza:

Santidade e Martírio. Mas Luxúria
E Lascívia, sacramentos da missa
Negra da obscura chefe submissa,
São sinais administrados na Cúria

Onde um magote de línguas rezando
Vindo-se a sentir nesta parangona
De vícios e virtudes, p´la virilha,

Numa turba de dedos libertando
(Raivosos, sôfregos) uma matilha
De explosões vindas de dentro da sua cona...

27 fevereiro, 2009

Pelagus (XII)


Talvez haja um ponto no universo
Em que a perspectiva é tal
Que se consegue
Provavelmente
Escrever uma teodiceia
Se conectarmos as estrelas
Sob uma determinada ordem
Pré-estabelecida.
Mas se não estiver lá ninguém
Quem a leria?
E ainda que lá esteja alguém…
Alguém
Se importaria?

26 fevereiro, 2009

Eva Sem Adão


Morta jaz, rodeada de mil velas,
Sepultada numa fogueira em cruz.
Mas o seu corpo não arde, transluz
Como se pintado por aguarelas.

Nem a Mãe-Terra a recebe, pois ela,
Noiva de Deus e amante do Diabo,
Manchou com sangue o impoluto pacto
Assinado por Deus na alma dela.

Ao redor, mil bruxas gemem em pranto
Desta pega de ígnea beleza ruiva
Elevando-a ao vil céu, enquanto,

Licanmorfa, uma constelação
De estrelas, brilhando escarlates, uiva
P'lo luto de uma Eva sem Adão...

25 fevereiro, 2009

Cristandade (ou O Rebanho de Deus)


Góticas torres e eclesiásticas
Vozes erguem-se para o paternal céu;
O ar, cheio de vontades monásticas,
A todos sufoca, como um véu
Apertado nas gargantas suásticas
De ovelhas comendo o lobo-deus seu.

Em orgiástica antropofagia
E celeste e divino vampirismo
Observa o rebanho o nascer do dia
No templo do teo-canibalismo
A meio da noite escura e fria,
Em frenético puritanismo...

Seus olhos rasgam o crucificado
(Só um rapaz vestido de Messias...),
E engolem o corpo santificado
Filho de deus e de humana Maria
Que no ventre incubou o desejado
Rebento de uma crença judia.

Oh tu licantrópico deus cristão,
Como te cercaste por tal rebanho?
É o teu filho, do teu filho irmão,
Quem te consome em pecado tamanho
Em missas de violenta comunhão
Onde te reza o verbo um estranho.

Morto e despido, na sua cruz de madeira,
Jaz aquele que morreu pela humanidade…
Morreu pela humanidade inteira,
Pela crente e gentia Cristandade...

Jaz morto...
Mas fita com os seus olhos sem idade
A pornográfica submissão da Humanidade
Inteira...

24 fevereiro, 2009

Anúncio: arte de Úrsula Mestre nas ruas de Faro.

É com muito prazer que anuncio que Úrsula Mestre, love of my life, vai apresentar uma das suas obras ("Saia Que Gritas") nas ruas de Faro, no próximo dia 27 de Fevereiro. Mais informações podem ser obtidas aqui, aqui e aqui. Ah, e aqui também!

23 fevereiro, 2009

S/título

Hoje é dia de mudar hábitos
E ser eu. Ou de ser
Eu um outro. É dia de sair
Do claustro onde a chuva
Só chega na forma de sangue
E de pecado. Hoje é dia
De acender cigarros, mil,
Repetidamente (mas não fumá-los;
Ao invés, vê-los consumir-se,
Um por um, um por outro,
Como faróis de carros descendo
Uma avenida em hora de ponta
E alcatroando-se pelo horizonte)
Sem que o tempo lhes possa acudir.
É dia de me sentar à beira-mar
Ou no fundo de um rio talvez,
Sentindo a água doce ser tomada
Pelo gosto do sal... é dia de
Inventar uma palavra nova ou
Até talvez se a maré estiver
A vazar e as amêijoas saltarem,
Promíscuas, da lama para os meus
Braços, para o meu colo,
De escrever uma nova teologia.
Mas agora hoje já é fim de tarde
E este sol não se voltará a pôr,
Outro amanhã virá mas este
Não nunca mais...
A noite é escura. E hoje,
Às onze e onze em ponto,
Vou deixar-me ir no barco de
Colombo, até ao outro lado do mundo
Onde dançarei com os índios.
Nu. Promíscuo. Feliz.

20 fevereiro, 2009

Vamperatriz


Nos seus braços, como vil centopeia,
Mortais amantes eram apertados
E repetidamente violados
Um por um, nas noites de lua cheia.

Atraía-os com o odor do vinho
Escorrendo, rubro, p’las suas coxas,
Despida no meio de sedas roxas
Cheirando a canela e a rosmaninho.

Alimentando-se de sangue e sémen,
Na sua insaciável tesão,
Satisfazia-se a ritmo frenético.

Entregues à Vamperatriz do Amor,
Todos os homens sucumbiam, não
Por necessidade mas por desporto.

19 fevereiro, 2009

Pelagus (XI)


Vadiando na galáctica madrugada
Encontrei
Como encontrasse uma velha moeda alijada
_______-me
Na sombra projectada
No mar
Pelas estrelas
De mim:
Sou o poeta de longos cabelos e alma infinita
Às vezes
E às outras
O poeta sem alma cujos cabelos se espraiam pelo infinito.

Pelagus (X)


Adriçada
Agiliza-se a ampulheta
Com palavras por grãos de areia
Sob os pés
E salta,
Aberração da luz,
No vazio faraónico
Do túmulo tutancamónico
Do olhar de Ramsés.

18 fevereiro, 2009

Vulnerabilidade


De olhos vendados,
Vulnerável,
Não por força alheia e bruta,
Mas por sua vontade
Fechados,
Ela se prostra
Sobre a mesa que às vezes é cama,
Onde ele a almoça quando ela o chama...
Sem palavras (quem realmente
Delas precisa?), ela prende-se, sem correntes,
Às mãos rudes que a possuirão
E ao corpo estranho que a cobrirá
De peso e de prazer.
Sem palavras, sempre sem palavras,
A lânguida morosidade da escuridão
Cairá
Sobre a tarde proibida em jorros de luz vespertina a amadurecer
Na língua do amante que ela nunca verá...

O Beijo



O púbere peito,
Sôfrego,
Corpuscular,
Entrega-se casto
Na sua brancura virginal
À boca experiente
Que prende entre-dentes
O mamilo desperto,
Erecto,
Quente pelo contacto
Com a língua que o acaricia…
E a brancura peitoral
É escarlatada
Pela abertura ensanguentada
No seio feita
Pelos caninos do amante que chupa,
Sedutor,
O sangue
E o leite da mama
Num misto de sede hemófila
E de maternal amor…

16 fevereiro, 2009

Janeiro


No frio Janeiro
Cresce uma primavera quente
Que chama a si os pássaros
De outras latitudes
Na sua rota migratória.
No silêncio frio de Janeiro
Há uma voz sirene
E uma luz tépida
Acolhidas pela lua cheia
Ao canto superior esquerdo
De uma página em branco
Da tenebrosa impotência do escritor.
No imenso frio do silencioso Janeiro
Há um homicídio impune em cada folha rasgada.
Além disso, apenas um leve e janeiresco estertor…

14 fevereiro, 2009

Café e torradas de broa com mel

Um mal entendido (que começou por uma desatenção minha quanto ao limite de palavras imposto pela Minguante) levou a que, num primeiro momento, um dos textos que enviei para publicação não fosse publicado e que, posteriormente, tendo eu contactado a Revista a propor um texto alternativo ao que não foi publicado, o texto originalmente publicado fosse substituído pelo texto proposto alternativo. Assim sendo, aqui ficam a trilogia de micronarrativas sobre a superstição completa e publicada: se não na Minguante, aqui mesmo, no Amendual.

“Café e torradas com mel”

Diariamente, Perpétua (que não era supersticiosa) repetia a mesmíssima rotina desde que casara: saída do banho, sentava-se, de cabelo molhado e toalha enrolada à volta do corpo, à mesa onde o marido a esperava para o pequeno-almoço – café e torradas de broa com mel. Depois de Perpétua falecer, o marido (que sempre fora supersticioso) continuou a preparar, todas as manhãs, duas chávenas de café e torradas de broa com mel. Mas a verdade é que nunca mais sentiria o beijo terno dos uxorianos lábios de Perpétua.

Superstição

Habitualmente, ele começava por dizer-lhe que a amava, ao que ela lhe respondia que o amava ao quadrado. Ele a ela ao cubo. E ela amava-o a ele elevado a infinitos. Riam e eram felizes. Um dia, ao separarem-se, ele, que era professor de matemática no segundo ciclo, não pôde deixar de se aperceber que que 1 amo-te elevado a infinitos é igual a 1 amo-te elevado ao cubo ou mesmo a 1 amo-te elevado ao quadrado. Ou ainda a 1 amo-te simples. O seu amor não era afinal maior do que o de qualquer outro casal que verdadeiramente se amasse mas que nunca dissesse “eu amo-te”.

13 fevereiro, 2009

Uma prosa de lobos no corpo peludo de um poema

Já saiu o décimo terceiro número da Minguante, Revista Portuguesa de Micronarrativas, sob o signo da Superstição, onde, mais uma vez, tenho a honra de ser incluído com um texto (ler aqui). Infelizmente (para minha incompreensão), desta vez apenas foi publicado um dos dois textos que enviei. O outro, intitulado “Uma prosa de lobos no corpo peludo de um poema”, uma vez que não teve honras de publicação, fica aqui entregue aos vossos olhos. Espero que o apreciem, pois penso que, não sendo uma micronarrativa no sentido clássico do termo (se é que há um...), julgo que não deixa de ser um belíssimo texto.



__________________________A avó ensinara-a,
__________________ _______desde tenra idade,
___________________ ________a seguir pelo
_____________________________caminho
______________________aberto pelos pés ancestrais
_____________________dos seus antepassados. Nunca
_____________________________________________FORA do
_____________________________caminho.
_______________________Além disso, ensinara-lhe __________________ _ _____ ainda que os homens
________________________de sobrancelhas unidas
___________________________são lobisomens.
_______________ _____________ T.O.D.O.S.
___________________________Um dia, a neta,
_____ _________________já mulher de idade madura,
______________________________pisou
________FORA do _

___________________ _________caminho
____________________econheceuumhomemjovemebonito
________________________de sobrancelhas unidas
__________________e fez amor com ele em cima das folhas c
____________________________ _________________a
______________________________________________í
_______________ _ _____________________________d
_________________ _____________________________a
___ _______________ ____________________________s
______________________dAs áRvOrEs dA fLoReStA.
_________________ ______Quando ele adormeceu,
___________ _____________ela tirou-lhe os pêlos
________________________entre as sobrancelhas,
_____________________usando como pinças os dentes \____________________ pensando assim estar a salvo.
_______________ ____Mas o que avó nunca lhe ensinara
_____________________________é que...
___________________...os piores lobos são os peludos por ___________________ ___(e os que uivam de)
___________________________D E N T R O
______________________docaminhodocorpodopoema...

12 fevereiro, 2009

A Ofélia

A Ofélia invejo a tranquilidade,
A paz, o sossego depois da dor.
Invejo-lhe a coragem sem temor
De se entregar, bela, à Eternidade.

Rio que passas, depositador
Da minha última vera vontade,
A ti dou meu corpo, oh felicidade
Daquele a quem não socorreu o Amor…

Vós, manto mortal que escutais meu pranto
E falsas lágrimas de que preciso:
Ajudem-me a compor o meu canto!

Atem-me nos fios que a Sorte teceu,
Fechem-me os olhos, finjam-me um sorriso
E embalem-me nos braços de Morfeu…

*o poema de hoje foi publicado a pedido... muitos parabéns, meu amor...;)

11 fevereiro, 2009

No Delta do Meu Nilo


No delta do meu Nilo
Os entardeceres são mulatos,
Espumosos e amargos.
Como grãos de café
Moídos pelos meus molares
Espalhando o seu negro aroma
Pela rubra língua,
Vindo-se as minhas glândulas salivares.
Na água suja do rio que desagua
Na minha alma
Mergulho, como colher, a minha corporalidade nua
E mexo-me,
Vagarosamente,
Como um slow-dance ao pôr-do-sol
Com a mais saborosa mulher que o ritmo já marcou…
Trago-lhe o sabor da carne na ponta dos dedos
E durante a solitária noite
Lambo-lhe silenciosamente todos os segredos…

Onde o Amendual chegou...

Este blog é o pequeno projecto de um pequeníssimo e desconhecido escritor que se assume como Alexandre Homem Dual na poesia e como Valter Ego na prosa. Valter Ego é, em boa verdade, um pseudónimo de Alexandre Homem Dual que é, por sua vez, um alterónimo de mim próprio (Valter Encarnação, muito prazer). O Alexandre é (passo a citar) “um louco que deambula entre um pessimismo vitalista e um vitalismo pessimista”, uma voz na minha cabeça... muito provavelmente, sou muito mais Alexandre e muito menos Valter a maior parte do tempo. O Valter Ego é uma forma de expressão, um mecanismo do Alexandre escrever em prosa e de, ao mesmo tempo, dar a conhecer a sua poesia – não é nunca o Alexandre que fala convosco, nunca... No meio deles, poesias e prosas e literaturas à parte, estou eu, homem de carne e osso. Um homem contente quando sabe que, para além dos olhos de quem o ama e ama naturalmente tudo o que escreve (yes, you...), há outros (poucos mas bons) olhos que o leêm e ouvidos que o escutam. Um homem naturalmente contente quando encontra em sítios alheios palavras que são suas... Um muito obrigado pessoal à Patrícia e ao seu Acesso Restrito e à Sofia no seu Cinemuerte (sim, é mesmo a Sofia Vieira, vocalista dos Cinemuerte, que tem colaborado com Moonspell ao longo dos tempos). Espero que ambas continuem a apreciar as minhas palavras...

05 fevereiro, 2009

Mundo de Cheiros Escarlates


O mundo p’ra mim é cheiro, amor,
E constrói-se a cada instante que inspiro.
Não é o ar que respiras que me alimenta
Mas o cheiro do sangue e do horror
De um mundo a preto e cinza onde só o sangue tem cor.
Um mundo onde cada odor
É um tijolo a construir um mapa dos sentidos
E onde cada cheiro
São dedos estendidos
Lutando p’ra reconhecer o mundo cego em que vivo…

Succubus


Flutua, incorpórea, à cabeceira
Dos que procuram a retemperança
De uma madrugada calma e mansa
Nos braços de uma cama hospedeira.

Insinua-se ágil e penetrante
Por entre os lençóis de linho lavados
E enrola-se nos encaracolados
Pudicos cabelos do seu amante.

Ama quem escolhe e escolhe quem quer.
Sem ter forma, inventa-se mulher,
Faz-se debaixo de um corpo suado.

Succubus anjo demónio mulher
Ama-te quem desperto não te quer
Porém sonha contigo... acordado.

Repulsa

Nuns olhos assustados tudo começa.
Num olho desesperado tudo termina.

Pune na realidade os pecadores dos teus sonhos, criança,
Assassina estrangeira!

Também as moscas são pecadoras,
Sobrevoam e cobiçam o nosso alimento
Que jaz no prato há 12 dias. Cru.
Morram, pecadores!

(Gemidos na noite através de paredes de cimento)

"Não, não entre aí, a casa de banho está ocupada.
O meu amante jaz na banheira”, gritou a doce louca.
As suas vestes não eram apropriadas e o senhorio,
Numa voz baixa e rouca, disse:
“Cuida bem de mim, querida, e eu esqueço a renda”.
Um calor líquido percorreu o seu pescoço. E o seu corpo.
Sangrou. Até à morte.

As mãos da tua consciência
Saem através das paredes do teu refúgio…

Banheira, sofá e cama,
Procurem aí os cadáveres das vítimas e da ré.
Por vezes, aí brincam e jubilam…

Vem, amor, talvez possamos visitar
A torre natal dos teus sonhos…


Inspirado pelo filme "Repulsion"

02 fevereiro, 2009

A ti que me lês

A ti que me lês
Não entrego o meu corpo em pão
Mas em versos
Nem entrego o meu sangue em vinho
Mas na tinta com que escrevo os meus versos.
Não me busques nem me procures nem me demandes,
Quando muito questiona, se te é mesmo necessário,
O que o teu coração decifra da minha caligrafia.
É que eu sou universal, sabes,
Um alterónimo de mim mesmo
Cantando a individualidade do cada um que há em mim.
E às vezes esqueço o indivi-
E canto apenas a -dualidade.
Sou como a terra e sou como o mar que,
Quando se tocam, perfazem o horizonte,
E o horizonte não existe, sei-o bem,
Pelo menos não mais (mas também não menos) do que eu.
A terra é só uma mas divide-se em várias,
Em países, em continentes,
Em gentes - e essas gentes em outras gentes.
E o oceano que é também só um
Divide-se em mares
E mesmo esses dividem-se em muitos rios
Que nos mares vão desaguar.
E os rios repetem-se ao longo dos séculos
Tal como eu me repito muitas vezes
E a água que neles corre nunca é a mesma
Mas é sempre a mesma, compreendes?
E contradigo-me, sim, contradigo-me, se calhar ainda mais vezes
Do que me repito ou do que minto - a natureza também nos
__________________[mente, porque não mentiria eu? -
Mas não será a contradição o mais belo predicado da
_____________________________[condição humana?
E a chuva quando cai
Não o faz multiplicada por uma quantidade de gotas que,
Ilusoriamente,
Se assemelham ao infinito?
Ainda assim, a chuva nunca deixa de ser a chuva,
Hoje como ontem,
Amanhã como sempre.
E o universo
Possivelmente um dia
Chamar-se-á multiverso!
Não procures unidade ou coerência nos meus olhos...
Se eu próprio sou plural e incoerente
Como poderia ser coerente e una
A visão que tenho do mundo que me cerca
E do mundo que eu cerco
Dentro das minhas fronteiras?

S/título


Alheia à velocidade
A que o tempo corre,
Ela toca-se enquanto percorre
Os caminhos do instantâneo
Que lhe escorre
Pelos lábios
E por entre os dedos da mão…

My Lady


Namoradeira, de olhos cor de brandy
But british nas momices e no ser,
Tenta ao máximo por não parecer
Frígida na sua pele de cor cândi.

Do alto de toda a sua altura
Olha os homens somente de relance
E se algum há que lhe peça que dance
O jeito sem jeito não lho augura.

Fica-se então pelo bar namoriscando
Com quem for que à sua volta ande
Por entre os drinques que lhe vão pagando.

My lady, volta para a tua ilha
Pois teu corpo é belo mas muito grande,
Grande demais para a nossa camilha…

Só Vão...

Passeiam pelo meu retiro
Soltas notas de um violão.
Trocam carícias com o silêncio,
Amantes sem corpo, sem paixão.
No escuro dançam serenos
Em harmónica orgia
Na imensidão da noite que há dentro de mim…
Madrugadas sem fim que se renovam perpetuamente…
Amantes sem corpo, sem paixão,
Passeiam pelo meu retiro.
Soltas notas de um violão
Trocam olhares com o silêncio.
Vão, só vão…