05 fevereiro, 2009

Repulsa

Nuns olhos assustados tudo começa.
Num olho desesperado tudo termina.

Pune na realidade os pecadores dos teus sonhos, criança,
Assassina estrangeira!

Também as moscas são pecadoras,
Sobrevoam e cobiçam o nosso alimento
Que jaz no prato há 12 dias. Cru.
Morram, pecadores!

(Gemidos na noite através de paredes de cimento)

"Não, não entre aí, a casa de banho está ocupada.
O meu amante jaz na banheira”, gritou a doce louca.
As suas vestes não eram apropriadas e o senhorio,
Numa voz baixa e rouca, disse:
“Cuida bem de mim, querida, e eu esqueço a renda”.
Um calor líquido percorreu o seu pescoço. E o seu corpo.
Sangrou. Até à morte.

As mãos da tua consciência
Saem através das paredes do teu refúgio…

Banheira, sofá e cama,
Procurem aí os cadáveres das vítimas e da ré.
Por vezes, aí brincam e jubilam…

Vem, amor, talvez possamos visitar
A torre natal dos teus sonhos…


Inspirado pelo filme "Repulsion"