25 fevereiro, 2009
Cristandade (ou O Rebanho de Deus)
Góticas torres e eclesiásticas
Vozes erguem-se para o paternal céu;
O ar, cheio de vontades monásticas,
A todos sufoca, como um véu
Apertado nas gargantas suásticas
De ovelhas comendo o lobo-deus seu.
Em orgiástica antropofagia
E celeste e divino vampirismo
Observa o rebanho o nascer do dia
No templo do teo-canibalismo
A meio da noite escura e fria,
Em frenético puritanismo...
Seus olhos rasgam o crucificado
(Só um rapaz vestido de Messias...),
E engolem o corpo santificado
Filho de deus e de humana Maria
Que no ventre incubou o desejado
Rebento de uma crença judia.
Oh tu licantrópico deus cristão,
Como te cercaste por tal rebanho?
É o teu filho, do teu filho irmão,
Quem te consome em pecado tamanho
Em missas de violenta comunhão
Onde te reza o verbo um estranho.
Morto e despido, na sua cruz de madeira,
Jaz aquele que morreu pela humanidade…
Morreu pela humanidade inteira,
Pela crente e gentia Cristandade...
Jaz morto...
Mas fita com os seus olhos sem idade
A pornográfica submissão da Humanidade
Inteira...
Engavetado em
Alexandre Homem Dual,
Op. "De Sons e Sangue - As Memórias de Elizadeth Rose-Maître",
Poesia
"O que faço?/
Sou músico./
O que toco?/
Poesia."