13 abril, 2014

A quebra do silêncio

Dois meses de silêncio. Dois meses que nem foram longos nem foram breves, foram da medida exacta do que tinha a dizer. Nada. E quando nada há a dizer, o que haverá a ser escrito? Tudo. Não posso escrever o silêncio mas posso escrever tudo aquilo que tenho e também o que não tenho a dizer. Quando não puder ser eu, posso sempre inventar-me e inventar as palavras que não me apetecera dizer. E é assim, na quietude morna e branca da folha e no ritmo metálico e frio da máquina de escrever, que quebro o silêncio.