Sonho-nos viajando pelo tempo no deserto
Montados em camelos e em dragões e em serpentes.
Sonho nus os nossos corpos jovens no leito do rio
Banhando-se nas escamas áridas das noites de verão.
E banqueteio-me das tuas pegadas – recordas-te,
Do dia em que as gravaste no céu, ao caminhares rio acima?
Hoje quero-me dançar-te, valsando pelas sombras de ti,
De ti que me atravessaste o peito
De bolas de pêlo e de balas de prata
Enquanto me sussurravas:
“São os sonhos caninos como lobos pequeninos, dentinhos
Como agulhas que ardem como faúlhas ao cravar a carne”…
Como-os eu enquanto os reúnes em rebanhos tu, Úrsula –
Aos sonhos.