03 junho, 2009
as palmas
incerta e titubeante a luz começa por trémula
encher amarela e líquida timidamente a lâmpada
como se o medo de se mostrar aos olhos da escuridão
fosse acima de tudo uma questão de vida ou morte
num segundo momento a luz agora já lasciva e sensual
apodera-se de todos os recantos da sala onde
no seio da escuridão os dois corpos contra–
–acenam
.................parado o dela
.................só os olhos se movimentam
.............._deixando antever a brancura das órbitas
.............._mexendo-se o dele
................deixando espreitar-se a brancura das nádegas
e eis que a luz possui total completa e despudoramente
a plenitude da sala deixando antever a vermelhidão
do pano que no final do espectáculo haverá de cair
quando uma mancha de sangue cobrir finalmente todo o cenário
a luz iluminará o corpo das palmas que o público
freneticamente bate
.......................................................................onanista
Engavetado em
Alexandre Homem Dual,
Op. "nova alexandria",
Poesia
"O que faço?/
Sou músico./
O que toco?/
Poesia."