23 junho, 2009
Rei Édipo
A Rei Édipo de órbitas vazias
Assalta todas as noites um sonho:
Olha-se a si com um olhar medonho,
Em vez de olhos, duas fotografias.
Arrancados, no chão, têm gravados,
Na retina, dois momentos brutais…
Num, o filho matando o seu pai,
Noutro, o filho com a mãe deitado.
Assim, patricida e incestuoso,
A si próprio Édipo se cegou…
Qual dos vis actos o mais vergonhoso:
Derramar o sangue que o criou
Ou seduzir a mãe que, anjo, casta,
Foi puta na hora de dizer basta?...
Engavetado em
Alexandre Homem Dual,
Op. "Insanabile Cacoethes Scribendi",
Poesia
"O que faço?/
Sou músico./
O que toco?/
Poesia."