Tétis, cavalgando na bruma,
Ao décimo-segundo dia nadou para os céus.
Ao chegar, prostrou o seu corpo de espuma
Aos pés de seu Pai, o fulminante Zeus.
De joelhos prostrados no chão
– A quanto obrigas, amor maternal! –
Suplicante, em lânguida sedução
Tentou obter o favor paternal:
"Meu filho Aquiles,
Mero homem aos olhos dos deuses
Mas deus aos olhos da humanidade,
Recusa combater pelos Aqueus
Pois, pela boca do seu rei, esses filhos teus,
Afrontaram a sua divindade.
Aquiles não luta por Gregos ou Troianos,
Não se ofendeu com Páris ou Helena do cabelo louro,
Luta apenas pela glória de mil anos,
Para que o seu nome se grave no milénio vindouro.
Concede, pois, meu Pai, meu Amo, meu Amante,
A glória deste dia aos Domadores de Cavalos,
Para que o Rei Atrida, o grego arrogante,
Se lembre dos Mirmidões
E possa de novo apelidá-los
De bravos leões
– E de entre todos os gregos os mais valentes!"
Mas Zeus, de olhos benevolentes,
Apenas para o horizonte olhava,
Vendo-o amadurecer... Nada ouvia
Do que Tétis lhe falava...
E eis que então,
Calando o silêncio que a voz de Zeus não quebrava,
Surgiu a mão de Tétis, insinuante,
No joelho nu de seu Pai,
Enquanto a outra mão encaracolava
Com seus dedos marinhos
A nívea barba do deus ainda mais...
E o Senhor do Raio,
Respirando a maresia
Que dos salgados peitos de Tétis saía,
Assim condescendeu...
Feliz pela manhã,
A deusa lançou-se
Do mais alto cume do Olímpico Monte
E ao pôr-do-sol mergulhou
No Mar Egeu.
E Aquiles logo o soube, pois em sua fronte
O mar arautas gotas pingou
– E uma lágrima de sangue rolou
Pelo sorriso beligerante do Filho de Peleu...