Houve um tempo em que o meu país
Era todo um jardim à beira-mar plantado;
E onde, por todo o lado,
Toda a gente era feliz…
Havia arranha-céus erguendo-se aos céus
Como punhos fechados – como rosas por abrir…
Havia auto-estradas ladeadas
De laranjais;
E onde a cada cidadão
Bastava meter a mão
Ao bolso para encontrar uma outra mão –
Cheia de rosas cheirosas, valiosas
– ah nesse tempo bastava estender a mão…
Mas hoje, ai hoje os laranjais
Exalam um odor
A podridão
E os roseirais
Já mal dão
Flor
E as poucas flores que dão
Já nem têm cheiro ou cor
– ai que já nem rosas são…
Ai ai que fazer deste país
Onde o podre nos entra pelo nariz
Enquanto os pés descalços,
Como cascos, calcam velhos caminhos
Repletos de pétalas de rosas e de cascas de laranjas
Espalhadas,
Amontoadas,
Rasgadas,
Pisadas,
Pelo chão?…