11 fevereiro, 2009

No Delta do Meu Nilo


No delta do meu Nilo
Os entardeceres são mulatos,
Espumosos e amargos.
Como grãos de café
Moídos pelos meus molares
Espalhando o seu negro aroma
Pela rubra língua,
Vindo-se as minhas glândulas salivares.
Na água suja do rio que desagua
Na minha alma
Mergulho, como colher, a minha corporalidade nua
E mexo-me,
Vagarosamente,
Como um slow-dance ao pôr-do-sol
Com a mais saborosa mulher que o ritmo já marcou…
Trago-lhe o sabor da carne na ponta dos dedos
E durante a solitária noite
Lambo-lhe silenciosamente todos os segredos…