19 fevereiro, 2010

S/título


Se pudesse viver só de poesia,
Fá-lo-ia.
Construiria um soneto, parede por parede, sólido na sua [arquitectura métrica
Exacta e elegante. Depois,
Pintá-lo-ia com as cores quentes de um ritmo alexandrino que,
Apenas aparentemente, não caberia dentro dos versos de dez [sílabas.
Ah e depois disso, mobilá-lo-ia com a prosódia própria de uma [alma sem voz
Fazendo-se eco nas sílabas que a madrugada desfila, hora ante [hora, até à hora nascente...
E depois? Depois podia morrer lentamente,
Espreguiçando-me num verso branco de lençóis de linho [lavados...