12 outubro, 2010

S/título


Há sangue nas minhas mãos e no meu rosto.

E dedadas impressas a sangue gravadas no interior

Das tuas pernas. E do teu ventre. E os meus dentes

Estão pintados de vermelho, e entre os meus dentes,

Pequenos pedacinhos de carne dependuram-se,

Ainda vivos, como demónios balouçando-se nas estrelas.

E também os teus mamilos sangram, ainda que leite,

E ainda que esse leite seja azedo, alimenta a aridez da terra inóspita.

Há sangue pingando do meu sexo, e pinga para dentro da tua boca

E para cima dos teus cabelos. E o verde aroma a frescos prados

Longínquos que exalava do teu cabelo confunde-se já

Com o cheiro do sangue seco e próximo.

À medida que as horas passam e o silêncio se instala – já

Não há o som ritmado de falos a pingar – parecem os teus olhos sem vida

Seguir-me e a tua boca cheia de sangue querer gritar-me:

É teu, assassino, o rosto da mênstruosidade!