Contemplo o teu rosto no desfile sossegado dos dias:
Memórias revivem nas tuas palavras
E colorem o cinzento do inverno e das mantas.
O restolho da crepitação da tua voz e do discurso da lareira
Acesa, a frialdade da pele, as chávenas de café quente
Fumegando silêncios sugeridos – o tempo, sempre o tempo.
Vejo, nos intervalos entre as tuas sílabas, o carnaval de memórias
Esvoaçando como balões coloridos pelo céu da tua boca sem dentes:
Murchos tanto os balões como a boca.
Conta-me, conta-me histórias, conta-me os cadáveres dos teus dias
E eu contá-los-ei à medida que os ouço, como carneiros ou como estrelas.
Atira mais uma acha para o lume e eu ouvirei o que tens para dizer –
Atira mais uma acha para o lume e eu amarei os teus silêncios.