11 dezembro, 2011

Paisagem: uma lareira e duas chávenas de café quente


Contemplo o teu rosto no desfile sossegado dos dias:

Memórias revivem nas tuas palavras

E colorem o cinzento do inverno e das mantas.

O restolho da crepitação da tua voz e do discurso da lareira

Acesa, a frialdade da pele, as chávenas de café quente

Fumegando silêncios sugeridos – o tempo, sempre o tempo.

Vejo, nos intervalos entre as tuas sílabas, o carnaval de memórias

Esvoaçando como balões coloridos pelo céu da tua boca sem dentes:

Murchos tanto os balões como a boca.

Conta-me, conta-me histórias, conta-me os cadáveres dos teus dias

E eu contá-los-ei à medida que os ouço, como carneiros ou como estrelas.

Atira mais uma acha para o lume e eu ouvirei o que tens para dizer –

Atira mais uma acha para o lume e eu amarei os teus silêncios.