20 dezembro, 2011

30 Abril 2009


As lácteas paredes empapam o silêncio nervoso que bate os dentes debaixo da ponta roída das unhas gastas pelo tempo - o tenebroso tempo presente e futuro. Todos os dias, o céu parturiente nos dá à luz o sol mas nós, como diria Pessoa, todos carregamos ao colo um filho morto. E há decisões que apenas trincamos uma vez na vida. Aqui, neste lugar onde o tempo abre as suas mandíbulas e engole as palpitações do sangue, vejo desfilar bebés ainda por nascer rumo à sua sepultura, viventes de um tempo que há-de não vir. Entretanto, no outro lado da janela, a avenida desfila tanto pessoas como automóveis, inconscientes de estarem a passar ao lado do Limbo.