13 abril, 2014

poema a sul e branco

aqui a sul
saímos da casca dos dias invernengos
caracóis cautelosos
de corpos moles e lentos
depois das chuvas já terem secado
na calidez telúrica do tempo

aqui a sul
a cor do céu espelhada no mar
confunde-se com
a cor do mar espalhada pelo céu
e a salmoura entranha-se nas palavras
e as bocas são banhadas por uma luz
olímpica de sol de verão

as paredes das casas
desmaiam-se de amores por dentro
de suores salgados queimando corpos morenos
gotas de desejo percorrendo nus flancos
desenhando um poema a sul e branco