Ao longe,
no mar negro do céu,
no mar negro do céu,
as estrelas são faróis
que a si chamam os olhares
dos viajantes do tempo, projectores
de linhas rectas e de escadas de infinito
que sobem em caracóis.
Sob os pés, cada rua
tem um perfil único e individual,
as pedras das calçadas desenham-se a si mesmas
cada uma com uma irrepetível impressão digital…
Dentro dos bolsos do casaco
trago as mãos quentes agarradas
à vontade de percorrer a minha cidade
como quem descobre o contacto carnal de Londres -
ver o que nunca vi nos lugares já vistos,
crescer memórias em todos os sítios
onde ainda não escrevi nenhum poema.
E desembarcar no cais de um rio de uma margem só,
uma mala numa mão onde guardo os livros e os sonhos
na outra mão a tua mão -
o horizonte onde o rio se deita no mar…