Hei-de queimar rosas,
meu amor.
Depois de arrancar meus olhos como
cortasse os espinhos de uma roseira
brava, hei-de queimar as rosas nas
órbitas vazias – como pequenos faróis
que te mostrem por onde ir.
Cleópatra
abeberou as velas violetas
da sua barcaça dourada em água de
rosas para embriagar de amores
os ventos gentis; eu hei-de soprar
a chama
das tuas velas e fazer-te ir. Sim, ir –
ir simplesmente – lá para onde
o dilúculo envergonhado atira as ondas
dos teus cabelos contra a orla do
meu corpo, lá onde as adagas se nos
espetam na carne e as serpentes nos
percorrem a pele e os teus lábios nus
têm o sabor da cicuta, lá onde a brisa tem
o cheiro das rosas, meu amor.