31 janeiro, 2013

S/título

Como tentáculos vivos,
coroa-me um cacho
de cabeças de serpentes
esmagando uvas negras
e maduras
entre os dentes;
cabelos que mudam a pele
como répteis frios
e esquivos.

Sangue doce
escorrendo pelo corpo do verão
queimando os olhos
do coração
de reis altos e altivos.

As nossas peles brancas
e transparentes
colam-se uma à outra
como serpentes
enroladas na sintaxe do silêncio.