A tua boca cantou-me,
em sussurros de fogo,
palavras enigmáticas que eu não entendi.
Mas a minha pele compreendeu
o chamamento ancestral da tua língua
que cortava, com verbos e facas,
o silêncio dos nossos olhos plácidos –
e traduziu para que também a carne
pudesse entender.
Empurrei-me para dentro da tua boca
e bebi-te o hálito, embriagado
pela consistência licorosa da saliva crua.
Ainda te trago o sabor da carne
na ponta dos dedos.