09 maio, 2009
Dom Pedro
Dom Pedro era um velho que jurava
Serem as lágrimas por si choradas
Quem lhe deixara as faces enrugadas...
E eu, jovem sábio, sempre lhe indagava:
“Mas se as lágrimas são só feitas de água,
Como te marcaram, dia após dia?”
Ao que a pétrea figura respondia,
De olhar cheio de ternura e mágoa:
“Pois se a água, amigo, até perfura
(Faca na carne, roda até doer)
A pedra de entre todas a mais dura,
Como podia marcado não ter
Um rosto amolecido p’la amargura,
Um velho rosto farto de viver?...
Engavetado em
Alexandre Homem Dual,
Op. "Insanabile Cacoethes Scribendi",
Poesia
"O que faço?/
Sou músico./
O que toco?/
Poesia."