03 maio, 2009
alamedas celestes
sento-me nesta alameda onde todas as minhas memórias
são plantadas nesta esplanada de onde aceno ao empregado
de mesa que quero o costume uma bica se faz favor aceno
também à criança que houve em mim e à infância de um céu
limpo depois de engolido o líquido negro e amargo açucar só
no primeiro café o da manhã espeto palavras como agulhas
na língua dormente até ela
notem como construo a frase utilizando para sujeito não um pronome possessivo mas um pronome pessoal que transporta a língua a minha para uma esfera fora do plano do eu
_____...................................sangrar e até o sangue rubro
se misturar com o castanho do café e até esta mistura
se misturar com a saliva branca e até que a língua volte
a adormecer e a sonhar alamedas depois posso finalmente
abrir os olhos com um sorriso fingido nos cantos da boca
e vejo o céu coberto por uma nuvem de pombos
cinzentos de que outra cor poderiam ser os pombos migrando
da minha para outra qualquer memória e depois do bando
passar o céu já não é cerúleo mas gris e desmorona-se
a cada segundo que passa e a cada grão de café esmagado
pelas raízes da minha placenta
..... ___________....rebentaram-me as águas
_______________.e o céu é novamente limpo
___............_______.pela última e primeira vez
Engavetado em
Alexandre Homem Dual,
Op. "nova alexandria",
Poesia
"O que faço?/
Sou músico./
O que toco?/
Poesia."