Eu, poeta, sou um agricultor
Que ando a semear a minha semente.
Às vezes, chego a semear a dor
Que a minha mente nem por sombras sente.
E os que colhem o que a minha mão planta
Encontram na dor luz para os seus olhos.
Fazem sua a voz da minha garganta
E livram-se de correntes e ferrolhos.
Eles encontram na terra submersos
Os seus sonhos, a minha dor enfim...
E já que eu não sei explicar meus versos
Talvez meus versos me expliquem a mim!
[Homenagem a Fernando Pessoa e a um dos meus poemas favoritos, Autopsicografia.]