19 março, 2010

S/título


O corpo inerte e morto de Jesus
Sangrou, pingo a pingo, para um vaso
De onde beberam os anjos o ocaso
D'Aquele que nasceu pregado à cruz.

Ébrios, em cônsona mijadela,
Chuviscaram os anjos lá de cima
Cá para baixo: sacra obra-prima
Angelical, em jeito de procela.

E o sangue, na terra já entranhado
Atalha para a boca dos defuntos
Que vêem seu desejo saciado...

Entretanto, pelo sangue consuntos,
Dormitam os anjos, embriagados
- No céu, incestuosamente juntos...