26 março, 2010

Sorte Maldita


Maldita sorte esta que me acompanha
Ao pôr em palavras o pensamento.
Nem sequer me vale a rima! Não há alento
Diante de uma incompetência tamanha.

Nem o verso livre me sai bem – bem tento!
Pasmo-me perante a recusa estranha
De reconhecer que não sou um Pessanha
Ou um Cesário, só um poeta sem talento...

Que inveja de vós, tríade magnífica,
E da vossa pena onde pontifica
O verbo e o metro e todo o esplendor

Do Camões, poeta e amante, do fero
Bocage e do filosófico Antero,
Seja em sonetos de morte ou de amor...