Maria Madalena, a contrita,
No confessionário ajoelhada,
Tenta expiar-se mas não vê purgada
A sua natureza sibarita.
Ecoando o que lhe pregam, recita
Nove ave marias, seis padre nossos,
Enquanto dedos gordos e grossos
Lhe ascendem o vestidinho de chita...
Ora, hora após hora, mil suspiros
Que ressoam na nave à meia-luz,
Fazendo luzir-lhe os seios: diospiros
Maduros nas mãos do senhor abade.
Travessa, espia a efígie de Jesus...
Juro ouvir-lhe um riso à Marquês de Sade...