07 abril, 2010

Natureza Morta: a maresia numa concha de berbigão


Quando acordo de madrugada
E sinto o corpo do meu amor
Deitado a meu lado
Pela ausência denunciada
Nos lençóis ainda tépidos
Sei que ela se foi mas que voltará...

Se a quisesse procurar, saberia onde encontrá-la:
Sentada à beira d'água, cavalgando
Com os olhos as ondas, penteando os cabelos
Com as conchas dos berbigões que comeu
E que lhe deixaram na língua
O travo do mar...

Mas nunca vou procurá-la, sei que ela
Aqui estará, deitada a meu lado,
De manhã, quando eu acordar...