08 abril, 2010

Salém


A noite está envolta em fenómenos,
Sons e luzes que vêem do céu
E vão parar ao centro da cidade.
Bestas enjauladas no subsolo com as suas filhas virgens
Por sua vez encarceradas na sua própria virgindade...
Voam as bruxas nos seus paus-de-vassoura
E reúnem-se à volta do fogo
Para dar início ao discurso de abertura.
À praxe sempre cerimoniosa que antecede um ritual antigo
Antecedem-se 12 badaladas dadas pelo sino da igreja.
Meia-noite na praia.
Os nomes proferidos são indecifráveis
Mas os nomes são para os jazigos.
As bruxas devaneiam pelo cemitério
E as loucas mulheres do sultão correm nuas pelo areal
Fazendo amor como cadelas com o cio.
As ondas quebram-se nas rochas
Sob a luz do luar que encanta as filhas de Vénus.
É convicção de Judas-Mulher que as bruxas
Não passavam de ninfomaníacas
E que foram as cristãs que as condenaram
À fogueira
Por levaram os seus homens para a húmida orla da floresta
Em loucos banquetes, orgias e festas...
E todos viviam felizes no bosque do amor
Até que uma qualquer nosferatu invocou o julgamento de Salém...

Até que uma Nosferatu invocou o julgamento de Salém…